A casa era enorme. Se pobre era sequer atinava para isto uma vez que do quintal vinham generosas porções de verduras e frutas. Sempre pontuais, a cada estação: manga, laranja, jabuticaba, limão, mexerica e tantas mais. Na despensa, o cacho de banana fornecia a fruta do dia.
Mas a maior certeza de sua riqueza vinha dos livros. Com Pedrinho, Narizinho e Emília viveu nos cenários de Dona Benta, provou todos os quitutes da tia Nastácia e acompanhou os 12 trabalhos de Hercules.
Destas leituras vem a mais antiga lembrança gastronômica da sua infância, pois queria muito conhecer o sabor da comida dos deuses. O néctar imaginava o menino, deve ser mais ou menos como o mel. Mas como seria a ambrosia? Depois de muito refletir, decretou: é mingau de milho verde!!! Os deuses merecem o que há de melhor e não existe no mundo sabor igual.
Hoje o menino já aprendeu que ambrosia era uma fruta e que também dá o nome a um doce, à base de ovos.
Mas a extrema felicidade de experimentar um mingau de milho verde permanece inalterada. Atingiu a imortalidade, pois a alma de menino mantém estas lembranças e saudades no seu coração.
Hoje o menino já aprendeu que ambrosia era uma fruta e que também dá o nome a um doce, à base de ovos.
Mas a extrema felicidade de experimentar um mingau de milho verde permanece inalterada. Atingiu a imortalidade, pois a alma de menino mantém estas lembranças e saudades no seu coração.